quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O que FAZ Um Cristão Ficar Passando de Igreja Para Igreja?


Como muitos já sabem é comum hoje em dia você encontrar pessoas que já foram de diversas denominações evangélicas

Não que isso seja errado, porem é bom permanecer em um só ministério.

Para as pessoas que evangelizo, costumo dizer ‘’placa de igreja não salva ninguém!’’
Para ganhar uma alma nunca devemos falar de nossa igreja mais sim de Jesus Cristo conseqüentemente esta pessoa virá para nosso ministério!
Voltando para o foco, o que leva uma pessoa a não parar em igreja nenhuma?
Reuni dez principais fatores que podem levar um crente a não parar em nenhuma igreja:

1º Orgulho
2º Orgulho Espiritual
3º Complexo de inferioridade
4º Egoísmo
5º Fraqueza Espiritual
6º Submissão
7 º Falta de compromisso
8º Falta de Sabedoria
9º Falta de firmeza
10º Desunião

1 º Orgulho:

Infelizmente existe pessoas no meio evangélico que estão procurando amizades dentro da igreja
Mais quando estes amigos não têm mesma posição do que eles, desmotivam o mesmo o fazendo mudar de igreja por motivos banais materiais

2º Orgulho Espiritual:

Veja um Exemplo:

Lucas 18. 9-14
“9-  Propôs também esta parábola a uns que confiavam em si mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam os outros:
10- Dois homens subiram ao templo para orar; um fariseu, e o outro publicano.
11- O fariseu, de pé, assim orava consigo mesmo: Ó Deus, graças te dou que não sou como os demais homens, roubadores, injustos, adúlteros, nem ainda como este publicano.
12- Jejuo duas vezes na semana, e dou o dízimo de tudo quanto ganho.
Pessoas com orgulho espiritual sempre olhara os demais como pecadores indignos de receber algo de Deus,  ‘’aquela igreja não tem espiritualidade o suficiente para me manter ali dentro,ele pensa!’’
3º Complexo de Inferioridade:
Simples!
Ninguém liga pra mim,ninguém me vê sou desafinada (o)
Não sirvo pra nada vou para um lugar mais simples (humilde)
4º Egoísmo
Vou evangelizar sozinho, 

não preciso de ajuda de ninguém pra nada,eu posso sozinho
Os irmãos acabam distanciando desta pessoa e a mesma acaba desanimando do lugar mudando para outra
5º Fraqueza Espiritual:
Preciso de ajuda, ninguém vai me visitar!
Infelizmente muitas igrejas hoje em dia estão perdendo membros por não cuidarem de suas ovelhas!

6º Insubmissão
Quando o membro começa se impor nas decisões do pastor ou do líder da igreja
Não consegue se submeter a ele respeitando suas decisões, isso tem cooperado muito para a causa discutida!
7º Falta de compromisso
Falta de Compromisso com a mocidade, com o circulo de oração, Com a igreja
Isso  leva o membro a ficar desligado das decisões da igreja, o afastando cada vez mais das coisas referentes a  obra divina
8º Falta de Sabedoria
Usar o palco da igreja para falar de problemas pessoais ou desabafar e até repreender alguém leva um cristão a ser constrangido e não querer mais participar daquele ministério!
9º Falta de firmeza
Hoje em dias as igrejas estão se dividindo cada vez mais os pastores já não tem mais firmeza muitos tem medo de pregar a verdade
Tem medo de perder membros por ser realista mediante a palavra de Deus!
10º União
A união nada mais nada menos que é a convivência familiar com os membros
Lembro-me quando eu era pequeno La pelos 8 anos acabavam os cultos os irmão ficavam um bom tempo conversando se alegrando
Havia mais intimidade mais fraternidade, hoje não, parece que as pessoas estão se dividindo em grupos, já não tem mais aquela comunhão que tinha outrora!

Aquele que permanecer e perseverar até o fim esse será salvo ( Mat. 24:13).

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Cantor Bruno Lúcio








CONVIDE AGORA O CANTOR BRUNO LÚCIO
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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Cantor Thiago Miguel


                                                  
       Thiago Miguel ''Refrão Das Lagrimas''











                                                        Thiago Miguel ''A Voz De Deus''


                                                       
                        Thiago Miguel ''Milagre''


Thiago Miguel


Cidade Sorocaba SP


Meu primeiro Cd tem o titulo Refrão das Lagrimas


Agradecimentos

Obrigado meu Deus, por me deixar fazer parte da tua obra.
Sei que nunca vou ser digno de tudo aquilo que o Senhor me faz, mas espero que com meu louvor eu possa pelomenos agradecer a ti, pois ainda há muito campo para plantar e quero estar pronto para semear a tua palavra nos corações de seus filhos.
Agradeço muito aos meus pais que desde meu nascimento me educou na palavra de Senhor. A meu irmão Diogo que muito me ajuda com seus conselho e com sua força nas horas dificil. A todos os meus amigos, ao meu pastor e aos irmãos que todos os dias oram pela minha vida e pelo ministério que Deus entregou nas minhas mãos.

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Cantora Elisabete Reis



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A voz da cantora Elisabete Reis esta conquistando o povo evangélico fazendo a diferença
através de seu novo e ungido CD ''O Agir De Deus''
Agenda aberta 2011/2012

Sera um prazer estar louvando em sua igreja desde já Deus abençoe ricamente!

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

''Que Diminua eu e que Tu cresças em mim''


Às vezes a vida nos surpreende as vezes
Com coisas boas mais também com provas difíceis
Que julgamos ruim, mais são os tombos, os tropeços que nos aperfeiçoa diante de Deus para nos tornarmos
O tipo de vaso que ele quer pra obra dele
somos tão limitados, tão cheio de falhas, Deus é tão grande e imenso
Ele nos contempla La de cima, ele vê se estamos deixando
O Espírito dele nos usar ou estamos
Tentando fazer uso dele
Deus é fiel ele nos da sua unção para sermos humildes
E fieis a ele sabendo que nosso galardão não é aqui mais La no paraíso e quando chegarmos La que possamos
Entrar calado e não cantando aquele hino da harpa:
Posso tendo as mãos vazias com Jesus eu me encontrar quantas almas poderia ao senhor apresentar,...
Deus abençoe sua vida seu trabalho seu ministério
E que você possa naquele dia apresentar
Muitas almas para nosso Deus!

Letra Sonhos (Irmãos Viana)



Disseram que eu não ia conseguir que seria bem
Mais fácil desistir, falarão que eu morreria ali
E que trágico seria o meu fim
Fui perseguido pelos meus próprios irmãos traído e humilhado sem
Motivo e sem razão vitima da inveja eu me tornei, por ser um sonhador tudo isso eu passei

Lançado em um calabouço e vendido feito escravo tentaram assassinar meu sonho
Porem Deus não permitiu fui acusado de adultério jogado em uma prisão o meu fim seria a morte mais um sonhador não morre não

E eu sobrevivi pude ver a grande gloria do meu Deus como ele é fiel pra com os seus no calabouço ou na prisão eu sei que nunca estive só
E hoje estou aqui para ver cumprir o que meu Deus sonhou do Egito me tornei governador e os meus inimigos diante de mim pra contemplar que a estória de um sonhador ninguém vai mudar podem achar que me venceram mais no final vão se dobrar (3x)

Lançado em um calabouço e vendido feito escravo tentaram assassinar meu sonho
Porem Deus não permitiu fui acusado de adultério jogado em uma prisão o meu fim seria a morte mais um sonhador não morre não

E eu sobrevivi pude ver a grande gloria do meu Deus como ele é fiel pra com os seus no calabouço ou na prisão eu sei que nunca estive só
E hoje estou aqui para ver cumprir o que meu Deus sonhou do Egito me tornei governador e os meus inimigos diante de mim pra contemplar que a estória de um sonhador ninguém vai mudar podem achar que me venceram mais no final vão se dobrar (3x)
Podem achar que me venceram mais no final vão se dobrar!

Letra Um Pão E Um Odre Com Água (Irmãos Viana)



Abraão se levantou pela manha ainda bem cedinho muito triste preocupado com o que teria que fazer, pois teria que obedecer a deus ouvindo  voz de sara e despedir seu filho amado um pedaço de seu coração
Um problema que causou por causa de uma ação precipitada queria ajudar a Deus cumprir algo que Le prometeu
Abraão sem ter o que fazer mesmo que chorando teve que obedecer despedindo Ismael seu primogênito que muito amava
E Abraão pegou um pão e um odre com água entregou para Agar e lhe disse você pode ir
E então saiu Agar andando errante no deserto de berseba
Quem sabe no seu coração ela dizia para mim chegou ao fim
Agar se esqueceu que o grande Deus lhe tinha feito uma grande promessa que Ismael seria homem valente ele seria pai de uma grande nação,se esqueceu que o nosso Deus nunca se esquece sua palavra sempre vela pra cumprir se levanta do seu trono e faz acontecer quando quer agir (2x)

Em pleno deserto o odre se secou acabou o pão e o menino chorava
Agar se afastava dizendo eu não quero ver meu filho morrer
E o anjo de Deus então lhe apareceu e disse não chore eis ai a água ele tem promessa Deus não vai deixar o menino morrer

E você o meu amado irmão que estais no deserto e estais pensando que a sua estória vai acabar assim e estais com sede e em pleno deserto acabou a água desesperado então perguntas o meu Deus o que será de mim
Você se esqueceu que o grande Deus lhe fez uma promessa se esqueceu que o nosso Deus nunca se esquece do que prometeu abra os olhos da Fe e veja que a providencia de Deus já chegou o mesmo poço de Agar em berseba ainda não secou (2x)

E hoje aqui Deus fala com você meu filho não temas pode estar certo que na hora certa veras o milagre que eu vou fazer e eu abrirei entao sua visão veras o Oasis em pleno deserto eu te fiz promessa e não vou deixar o teu sonho morrer(3x)

Letra Deus Poderoso (Irmãos Viana)


DEUS PODEROSO

Meu Deus é poderoso, igual a ele outro não há
E se preciso for ele abre o mar
Fez isso a Israel que o mar vermelho atravessou
e este teu problema não é nada pra este Deus
Livrou a Daniel na cova dos leões,
pra sadaque mesaque e abdenego a fornalha esfriou
Ele é todo poderoso ninguém pode o questionar
Quando entra numa guerra é pra ganhar

Este é meu Deus tudo esta em suas mãos
Não a muralhas e nem prisões que ele não
Possa derrubar,
Ele é o maior não a quem possa o derrotar
 Pode todo mundo falhar ele ainda é fiel

Este Deus uma certa vez fez uma multiplicação
Com apenas cinco Paes e dois peixes ele usou
Alimentou uma multidão e todos se fartarão
 E doze cestos de pedaços ainda sobrarão
Não importa se falaram que você não vai vencer
Não importa se o medico disse você vai morrer
 Mais a ultima palavra é Deus que vai dizer
Pois nunca, nunca esquece de você

Este é meu Deus tudo esta em suas mãos
Não a muralhas e nem prisões que ele não
Possa derrubar,
Ele é o maior não a quem possa o derrotar
Pode todo mundo falhar ele ainda é fiel (FINAL 2X)
ELE AINDA É FIEL... ELE AINDA É FIEL...

domingo, 7 de agosto de 2011

Segure na minha mão (composição Marcos Paulo)


Não tem jeito não consigo não da mais,
Minha cruz esta pesada demais
Os meus pés estão feridos já estou no chão caído não tem jeito Jesus venha me ajudar

O meu filho nunca  esqueceu de ti
Todas tuas orações meu filho eu ouvi
Segure na minha mão vou te levantar do chão te dar forças te fazer um campeão

Refrão

Eu abri o mar pra meu povo passar no deserto fiz do céu cair maná
Nunca deixarei um filho meu caído, se eu estou em silêncio é porque estou agindo
Eu não te escolhi para perder, te capacitei para vencer, filho eu provei teu coração, não desista agora segure na minha mão, vou te levantar do chão

O meu filho nunca  esquecei de ti
Todas tuas orações meu filho eu ouvi
Segure na minha mão vou te levantar do chão te dar forças te fazer um campeão
Eu abri o mar pra meu povo passar no deserto fiz do céu cair maná
Nunca deixarei um filho meu caído, se eu estou em silêncio é porque estou agindo
Eu não te escolhi para perder, te capacitei para vencer, filho eu provei teu coração,não desista agora segure na minha mão,vou te levantar do chão

Eu abri o mar pra meu povo passar no deserto fiz do céu cair maná
Nunca deixarei um filho meu caído, se eu estou em silêncio é porque estou agindo
Eu não te escolhi para perder, te capacitei para vencer, filho eu provei teu coração, não desista agora segure na minha mão, vou te levantar do chão,vou te levantar do chão.
  
Direitos autorais: Marcos Paulo Ramos
 Contatos (15) 9653-6063

‘’Não Temas Deus é Contigo’’


A vida de um cristão é cheio de altos e baixos, um dia você esta gozando a alegria e a paz
Outro dia esta sofrendo pelas adversidades.
Em quanto Cristo não voltar estamos sujeito a esta paz instável, A bíblia diz:
Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor o livrará de todas. Salmo34: 19

Nosso descanso não é aqui enquanto você estiver na terra você sofrera problemas, desilusões, decepção mais não desista, pois a palavra do Senhor diz que ao que vencer ganhara a coroa da vida.
Deus é contigo não pare na metade do caminho o Senhor é com você ele é o único que esta a todo tempo contigo então tenha Bom Animo! Paz

Martinho Lutero

Martinho Lutero


Martinho Lutero
Lutero em 1529 por Lucas Cranach
Nome completo Martinus Luter (Martin Luther)
Nascimento 10 de Novembro de 1483
Eisleben, Saxônia-Anhalt, Sacro Império Romano-Germânico)
Morte 18 de fevereiro de 1546 (62 anos)
Eisleben, Alemanha
Cônjuge Catarina von Bora (1499-1546)
Ocupação teólogo
Assinatura Autograf, Martin Luther, Nordisk familjebok.png

Martinho Lutero (em alemão: Martin Luther; Eisleben, 10 de novembro de 1483 — Eisleben, 18 de fevereiro de 1546) foi um sacerdote agostiniano e professor de teologia alemão precursor da Reforma Protestante. Veementemente contestando a alegação de que a liberdade da punição de Deus sobre o pecado poderia ser comprada, confrontou o vendedor de indulgências Johann Tetzel com suas 95 Teses em 1517. Sua recusa em retirar seus escritos a pedido do Papa Leão X em 1520 e do Imperador Carlos V na Dieta de Worms em 1521 resultou em sua excomunhão pelo papa e a condenação como um fora-da-lei pelo imperador.
Lutero ensinava que a salvação não se consegue apenas com boas ações, mas de um livre presente de Deus, recebida apenas pela graça através da fé em Jesus como um redentor do pecado. Sua teologia desafiou a autoridade papal na Igreja Católica Romana por ensinar que a Bíblia é a única fonte de conhecimento divinamente revelada e opôs-se ao sacerdotalismo, por considerar todos os cristãos batizados como um sacerdócio santo. Aqueles que se identificavam com os ensinamentos de Lutero eram chamados luteranos.
Sua tradução da Bíblia em outros idiomas (que não o latim) fez do livro mais acessível, causando um impacto gigantesco na Igreja e na cultura alemã. Promoveu um desenvolvimento de uma versão padrão da língua alemã, adicionando vários princípios à arte de traduzir, e influenciou a tradução para o inglês da Bíblia do Rei James. Seus hinos influenciaram o desenvolvimento do ato de cantar em igrejas. Seu casamento com Catarina von Bora estabeleceu um modelo para a prática do casamento clerical, permitindo o matrimônio de padres protestantes.
Em seus últimos anos, Lutero tornou-se algo antissemita, chegando a escrever que as casas judaicas deveriam ser destruídas, e suas sinagogas queimadas, dinheiro confiscado e liberdade cerceada. Essas afirmações fizeram de Lutero uma figura controversa entre muitos historiadores e estudiosos.

Primeiros anos de vida

Martinho Lutero, cujo nome em alemão era Martin Luther ou Luder, era filho de Hans Luther e Margarethe Lindemann. Mudou-se para Mansfeld, onde seu pai dirigia várias minas de cobre. Tendo sido criado no campo, Hans Luther desejava que seu filho viesse a se tornar um funcionário público; melhorando, assim, as condições da família. Com esse objetivo, enviou o ja velho Martinho para escolas em Mansfeld, Magdeburgo e Eisenach.
Aos dezessete anos, em 1501, Lutero ingressou na Universidade de Erfurt, onde tocava alaúde e recebeu o apelido de "O filósofo". Ainda na universidade de Erfurt, estudou a filosofia nominalista de Ockham (as palavras designam apenas coisas individuais; não atingem os “universais”, as realidades presentes em todos os indivíduos, como por exemplo a natureza humana; em consequência, nada pode ser conhecido com certeza pela razão natural, exceto as realidades concretas: esta pessoa, aquela coisa). Esse sistema dissolvia a harmonia multissecular entre a ciência e a fé que tanto foi defendida pela "Escolástica" de "São Jesus Cristo", pois essa filosofia tinha as unicamente na vontade de Deus. O jovem estudante graduou-se bacharel em 1522 e concluiu o mestrado em 1505, sendo o segundo entre dezessete candidatos. Seguindo os desejos maternos, inscreveu-se na escola de Direito da mesma Universidade. Mas tudo mudou após uma grande tempestade com descargas elétricas, ocorrida naquele mesmo ano (1555): um raio caiu próximo de onde ele estava passando, ao voltar de uma visita à casa dos pais. Aterrorizado, gritou então: "Ajuda-me, Sant'Ana! Eu me tornarei um monge!"
Tendo sobrevivido aos raios, deixou a faculdade, vendeu todos os seus livros, com exceção dos de Virgílio, e entrou para a ordem dos Agostinianos, de Frankfurt, a 17 de julho de 1505..

Vida monástica e acadêmica

Lutero com a tonsura monástica.
O jovem Martinho Lutero dedicou-se por completo à vida no mosteiro, empenhando-se em realizar boas obras a fim de agradar a Deus e servir ao próximo através de orações por suas almas. Dedicou-se intensamente à meditação, às autoflagelações, às muitas horas de oração diárias, às peregrinações e à confissão. Quanto mais tentava ser agradável ao Senhor, mais se dava conta de seus pecados[11]
Johann von Staupitz, o superior de Lutero, concluiu que o jovem necessitava de mais trabalhos, para afastar-se de sua excessiva reflexão. Ordenou, portanto, ao monge que iniciasse uma carreira acadêmica. Em 1507, Lutero foi ordenado sacerdote. Em 1508, começou a lecionar Teologia na Universidade de Wittenberg. Lutero recebeu seu bacharelado em Estudos bíblicos a 19 de março de 1508. Dois anos depois, visitou Roma, de onde regressou bastante decepcionado.[12]
Em 19 de outubro de 1512, Martinho Lutero graduou-se Doutor em Teologia e, em 21 de outubro do mesmo ano, foi "recebido no Senado da Faculdade Teológica" com o título de "Doutor em Bíblia". Em 1515, foi nomeado vigário de sua ordem tendo sob sua autoridade onze monastérios.
Durante esse período, estudou grego e hebraico, para aprofundar-se no significado e origem das palavras utilizadas nas Escrituras - conhecimentos que logo utilizaria para a sua própria tradução da Bíblia.

A controvérsia acerca das indulgências

Além de suas atividades como professor, Martinho Lutero ainda colaborava como pregador e confessor na igreja de Santa Maria, na cidade. Também pregava habitualmente na igreja do Castelo (chamada de "Todos os Santos" - porque ali havia uma coleção de relíquias, estabelecidas por Frederico III da Saxônia). Foi durante esse período que o jovem sacerdote se deu conta dos problemas que o oferecimento de indulgências aos fiéis, como se esses fossem fregueses, poderia acarretar.
A indulgência é a remissão (parcial ou total) do castigo temporal imputado a alguém por conta dos seus pecados. Naquele tempo qualquer pessoa poderia comprar uma indulgência, quer para si mesmo, quer para um parente já morto que estivesse no Purgatório. O frade Johann Tetzel fora recrutado para viajar através dos territórios episcopais do arcebispo Alberto de Mogúncia, promovendo e vendendo indulgências com o objetivo de financiar as reformas da Basílica de São Pedro, em Roma.
Lutero viu este tráfico de indulgências como um abuso que poderia confundir as pessoas e levá-las a confiar apenas nas indulgências, deixando de lado a confissão e o arrependimento verdadeiros. Proferiu, então, três sermões contra as indulgências em 1516 e 1517. Segundo a tradição, a 31 de outubro de 1517 foram afixadas as 95 Teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, com um convite aberto ao debate sobre elas. Essas teses condenavam o que Lutero acreditava ser a avareza e o paganismo na Igreja como um abuso e pediam um debate teológico sobre o que as Indulgências significavam. Para todos os efeitos, contudo, nelas Lutero não questionava diretamente a autoridade do Papa para conceder as tais indulgências.
As 95 Teses foram logo traduzidas para o alemão e amplamente copiadas e impressas. Ao cabo de duas semanas se haviam espalhado por toda a Alemanha e, em dois meses, por toda a Europa. Este foi o primeiro episódio da História em que a imprensa teve papel fundamental, pois facilitou a distribuição simples e ampla do documento.

A resposta do Papado

Depois de fazer pouco caso de Lutero, dizendo que ele seria um "alemão bêbado que escrevera as teses", e afirmando que "quando estiver sóbrio mudará de opinião"[13] o Papa Leão X ordenou, em 1518, ao professor de teologia dominicano Silvestro Mazzolini que investigasse o assunto. Este denunciou que Lutero se opunha de maneira implícita à autoridade do Sumo Pontífice, quando discordava de uma de suas bulas. Declarou ser Lutero um herege e escreveu uma refutação acadêmica às suas teses. Nela, mantinha a autoridade papal sobre a Igreja e condenava as teorias de Lutero como um desvio e uma apostasia.
Lutero replicou de igual forma (academicamente), dando assim início à controvérsia.
Enquanto isso, Lutero tomava parte da convenção dos agostinianos em Heidelberg, onde apresentou uma tese sobre a escravidão do homem ao pecado e a graça divina. No decorrer da controvérsia sobre as indulgências, o debate se elevou até ao ponto de duvidar do poder absoluto e autoridade do Papa, pois as doutrinas de "Tesouraria da Igreja" e "Tesouraria dos Merecimentos", que serviam para reforçar a doutrina e venda e das indulgências, haviam se baseado na bula papal "Unigenitus", de 1343, do Papa Clemente VI. Por causa de sua oposição a esta doutrina, Lutero foi qualificado como heresiarca e o Papa, decidido a suprimir por completo os seus pontos de vista, ordenou que ele fosse chamado a Roma, viagem que deixou de ser realizada por motivos políticos.
Lutero, que anteriormente professava a obediência implícita à Igreja, negava agora abertamente a autoridade papal e apelava para que fosse realizado um Concílio. Também declarava que o papado não formava parte da essência imutável da Igreja original.
Desejando manter relações amistosas com o protetor de Lutero, Frederico, o Sábio, o Papa engendrou uma tentativa final de alcançar uma solução pacífica para o conflito. Uma conferência com o representante papal Karl von Miltitz em Altenburg, em janeiro de 1519, levou Lutero a decidir guardar silêncio, tal qual seus opositores. Também escreveu uma humilde carta ao Papa e compôs um tratado demonstrando suas opiniões sobre a Igreja Católica. A carta nunca chegou a ser enviada, pois não continha nenhuma retratação; e no tratado que compôs mais tarde, negou qualquer efeito das indulgências no Purgatório.
Quando Johann Ecko desafiou um colega de Lutero, Andreas Carlstadt, para um debate em Leipzig, Lutero juntou-se à discussão (27 de junho-18 de julho de 1519), no curso do qual negou o direito divino do solidéu papal e da autoridade de possuir o as chaves do Céu que, segundo ele, haviam sido outorgadas apenas ao próprio Apóstolo Pedro, não passando para seus sucessores.Negou que a salvação pertencesse à Igreja Católica ocidental sob a autoridade do Papa, mas que esta se mantinha na Igreja Ortodoxa, do Oriente. Depois do debate, Eck afirmou que forçara Lutero a admitir a semelhança de sua própria doutrina com a de João Huss, que havia sido queimado na fogueira da Inquisição. Alguns meses após a chegada dos cardeais vindos de Roma, Martinho Lutero, monge da Igreja Católica, doutor em Humanidades pela Universidade de Erfurt e professor da Universidade de Wittenberg.

Aumenta a cisão

 Lutero durante os acontecimentos

Martinho Lutero.
Não parecia haver esperanças de entendimento. Os escritos de Lutero circulavam amplamente, alcançando França, Inglaterra e Itália, em 1519, e os estudantes dirigiam-se a Wittenberg para escutar Lutero que, naquele momento, publicava seus comentários sobre a Epístola aos Gálatas e suas "Operationes in Psalmos" (Trabalho nos Salmos).
As controvérsias geradas por seus escritos levaram Lutero a desenvolver suas doutrinas mais a fundo, e o seu "Sermão sobre o Sacramento Abençoado do Verdadeiro e Santo Corpo de Cristo, e suas Irmandades", ampliou o significado da Eucaristia para incluir também o perdão dos pecados e ao fortalecimento da fé naqueles que a recebem. Além disso, ele ainda apoiava a realização de um concílio a fim de restituir a comunhão.
O conceito luterano de "igreja" foi desenvolvido em seu "Von dem Papsttum zu Rom" (Sobre o Papado de Roma), uma resposta ao ataque do franciscano Augustin von Alveld, em Leipzig (junho de 1520). Enquanto o seu "Sermon von guten Werken" (Sermão das Boas Obras), publicado na primavera de 1520, era contrário à doutrina católica das boas obras e dos atos como meio de perdão, mantendo que as obras do crente são verdadeiramente boas, quer para o secular como para o clérigo, se ordenadas por Deus.

Os tratados de 1520

A Nobreza alemã

A disputa havida em Leipzig, em 1519, fez com que Lutero travasse contato com os humanistas, especialmente Melanchthon, Reuchlin e Erasmo de Roterdã, que por sua vez também influenciara ao nobre Franz von Sickingen. Von Sickingen e Silvestre de Schauenbur queriam manter Lutero sob sua proteção, convidando-o para seus castelos na eventualidade de não ser-lhe seguro permanecer na Saxônia, em virtude da proscrição papal.
Sob essas circunstâncias de crise, e confrontando aos nobres alemães, Lutero escreveu "À Nobreza Cristã da Nação Alemã" (agosto de 1520), onde recomendava ao laicado, como um sacerdote espiritual, que fizesse a reforma requerida por Deus, mas abandonada pelo Papa e pelo clero. Pela primeira vez Lutero referiu-se ao Papa como o Anticristo[16].
As reformas que Lutero propunha não se referiam apenas a questões doutrinárias, mas também aos abusos eclesiásticos:
  • a diminuição do número de cardeais e outras exigências da corte papal;
  • a abolição das rendas do Papa;
  • o reconhecimento do governo secular;
  • a renúncia da exigência papal pelo poder temporal;
  • a abolição dos Interditos e abusos relacionados com a excomunhão;
  • a abolição das peregrinações nocivas;
  • a eliminação dos excessivos dias santos;
  • a supressão dos conventos para monjas, da mendicidade e da suntuosidade; a reforma das universidades;
  • a ab-rogação do celibato do clero;
  • a união dos boêmios;
  • e, finalmente, uma reforma geral na moralidade pública.
Muitas destas propostas refletiam os interesses da nobreza alemã, revoltada com sua submissão ao Papa e, principalmente, com o fato de terem que enviar riquezas a Roma.

O cativeiro babilônico

Lutero gerou muitas polêmicas doutrinárias com seu "Prelúdio no Cativeiro Babilônico da Igreja", em especial no que diz respeito aos sacramentos.
  • Eucaristia - apoiava que fosse devolvido o "cálice" ao laicado; na chamada questão do dogma da transubstanciação, afirmava que era real a presença do corpo e do sangue do Cristo na eucaristia, mas refutava o ensinamento de que a eucaristia era o sacrifício oferecido por Deus.
  • Batismo - ensinava que trazia a justificação apenas se combinado com a fé salvadora em o receber; de fato, mantinha o princípio da salvação inclusive para aqueles que mais tarde se convertessem.
  • Penitência - afirmou que sua essência consiste na palavra de promessa de desculpas recebidas com fé.
Para ele, apenas estes três sacramentos podiam assim ser considerados, pois sua instituição era divina e a promessa da salvação de Deus estava conexa a eles. Contudo, em sentido estrito, apenas o batismo e a eucaristia seriam verdadeiros sacramentos, pois apenas eles tinham o "sinal visível da instituição divina": a água no batismo e o pão e vinho da eucaristia. Lutero negou, em seu documento, que a confirmação (Crisma), o matrimônio, a ordenação sacerdotal e a extrema-unção fossem sacramentos.

Liberdade de um Cristão

Da mesma forma, o completo desenvolvimento da doutrina de Lutero sobre a salvação e a vida cristã foi exposto em "A Liberdade de um Cristão" (publicado em 20 de novembro de 1520, onde exigia uma completa união com Cristo mediante a palavra através da fé, e a inteira liberdade do cristão como sacerdote e rei sobre todas as coisas exteriores, e um perfeito amor ao próximo).
As duas teses que Lutero desenvolve nesse tratado são aparentemente contraditórias, mas, em verdade, são complementares:
  • "O cristão é um senhor libérrimo sobre tudo, a ninguém sujeito";
  • "O cristão é um servo oficiosíssimo de tudo, a todos sujeito".
A primeira tese é válida "na fé"; a segunda, "no amor".

A excomunhão

A 15 de junho de 1520, o Papa advertiu Lutero, com a bula "Exsurge Domine", onde o ameaçava com a excomunhão, a menos que, num prazo de sessenta dias, repudiasse 41 pontos de sua doutrina, destacados pela Igreja..
Em outubro de 1520, Lutero enviou seu escrito "A Liberdade de um Cristão" ao Papa, acrescentando a frase significativa:
"Eu não me submeto a leis ao interpretar a palavra de Deus".
Enquanto isso, um rumor chegara de que Johan Ech saíra de Meissem com uma proibição papal, enquanto este se pronunciara realmente a 21 de setembro. O último esforço de paz de Lutero foi seguido, em 12 de dezembro, da queima da bula, que já tinha expirado há 120 dias, e o decreto papa de Wittenberg, defendendo-se com seus "Warum des Papstes und seiner Jünger Bücher verbrannt sind" e "Assertio omnium articulorum". O Papa Leão X excomungou Lutero a 3 de janeiro de 1521, na bula "Decet Romanum Pontificem".
A execução da proibição, com efeito, foi evitada pela relação do Papa com Frederico III da Saxônia, e pelo novo imperador, Carlos I de Espanha (Carlos V de Habsburgo), que julgou inoportuno apoiar as medidas contra Lutero, diante de sua posição face à Dieta.
Castelo Wartburg em Eisenach.

A Dieta de Worms

O Imperador Carlos V inaugurou a Dieta real a 22 de janeiro de 1521. Lutero foi chamado a renunciar ou confirmar seus ditos e foi-lhe outorgado um salvo-conduto para garantir-lhe o seguro deslocamento.
A 16 de abril, Lutero apresentou-se diante da Dieta. Johann Eck, assistente do Arcebispo de Trier, mostrou a Lutero uma mesa cheia de cópias de seus escritos. Perguntou-lhe, então, se os livros eram seus e se ele acreditava naquilo que as obras diziam. Lutero pediu um tempo para pensar em sua resposta, o que lhe foi concedido. Este, então, isolou-se em oração e depois consultou seus aliados e amigos, apresentando-se à Dieta no dia seguinte. Quando a Dieta veio a tratar do assunto, o conselheiro Eck pediu a Lutero que respondesse explicitamente à seguinte questão:
"Lutero, repeles seus livros e os erros que eles contêm?"
Lutero, então, respondeu:
"Que se me convençam mediante testemunho das Escrituras e claros argumentos da razão - porque não acredito nem no Papa nem nos concílios já que está provado amiúde que estão errados, contradizendo-se a si mesmos - pelos textos da Sagrada Escritura que citei, estou submetido a minha consciência e unido à palavra de Deus. Por isto, não posso nem quero retratar-me de nada, porque fazer algo contra a consciência não é seguro nem saudável."
De acordo com a tradição, Lutero, então, proferiu as seguintes palavras:
"Não posso fazer outra coisa, esta é a minha posição. Que Deus me ajude!
Nos dias seguintes, seguiram-se muitas conferências privadas para determinar qual o destino de Lutero. Antes que a decisão fosse tomada, Lutero abandonou Worms. Durante seu regresso a Wittenberg, desapareceu.
O Imperador redigiu o Édito de Worms a 25 de maio de 1521, declarando Martinho Lutero fugitivo e herege, e proscrevendo suas obras.

Processo Romano

Martinho Lutero e o Cardeal Caetano, em 1557
Em Junho de 1518, foi aberto o processo contra Lutero, com base na publicação das suas 95 Teses. Alegava-se, com o exame do processo, que ele incorria em heresia. Nas aulas que ministrava na Universidade de Wittenberg, espiões registravam seus comentários negativos sobre a excomunhão. Depois disso, em agosto de 1518, o processo foi alterado para heresia notória. Lutero foi convidado a ir a Roma, onde teria que desmentir sua doutrina.
Lutero recusou-se a fazê-lo, alegando razões de saúde; e pretendeu uma audiência em território alemão. O seu pedido baseava-se no argumento (Gravamina) da Nação Alemã. Seu pedido foi aceito, ele foi convidado para uma audiência com o cardeal Caetano de Vio (Tomás Caetano), durante a reunião das cortes (Reichstag) imperiais de Augsburg. Entre 12 e 14 de outubro de 1518, Lutero falou a Caetano. Este pediu-lhe que revogasse sua doutrina. Lutero recusou-se a fazê-lo.
Do lado romano, o caso pareceu terminado. Por causa da morte de Imperador Maximiliano I (Janeiro de 1519), houve uma pausa de dois anos no andamento do processo. O Imperador tinha decidido que o seu sucessor seria Carlos (futuro Carlos V). Por causa das pertenças de Carlos em Itália, o papa renascentista Leão X receava o cerco do Estado da Igreja e procurava evitar que os príncipes-eleitores alemães (Kurfürsten) renunciassem a Carlos.
O papel de protetor de Lutero assumido por Frederico, o sábio, levou a que Roma pedisse que Karl von Miltiz intercedesse junto ao príncipe por uma solução razoável. Após a escolha de Carlos V como imperador (26 de junho de 1519), o processo de Lutero voltaria a ser alvo de preocupações e trabalhos.
Em junho de 1520, reapareceu a ameaça no escrito "Exsurge Domini" e, em janeiro de 1521, a bula "Decet Romanum Pontificem" excomungou Lutero. Seguiu-se, então, a ameaça oficial do imperador (Reichsacht).
Notável é, no entanto, que Lutero foi, mais uma vez, recebido em audiência, o que também deixou claras as diferenças entre o papado e o império. Carlos foi o último rei (após uma reconciliação) a ser coroado imperador pelo papa. Nos dias 17 e 18 de Abril de 1521 Lutero foi ouvido na Dieta de Worms (conferência governativa) e, após ter negado a revogação da sua doutrina, foi publicado o Édito de Worms, banindo Lutero.

Exílio no Castelo de Wartburg

O seqüestro de Lutero durante a sua viagem de regresso da Dieta de Worms foi arranjado. Frederico, o sábio ordenou que Lutero fosse capturado por um grupo de homens mascarados a cavalo, que o levaram para o Castelo de Wartburg, em Eisenach, onde ele permaneceu por cerca de um ano. Deixou crescer a barba e tomou as vestes de um cavaleiro, assumindo o pseudônimo de Jörg. Durante esse período de retiro forçado, Lutero trabalhou na sua célebre tradução da Bíblia para o alemão.
Martinho Lutero pregando no Castelo Wartburg, quadro de Hugo Vogel.
Com o início da estadia de Lutero em Wartburg, começou um período muito construtivo de sua carreira como reformista. Em seu "Deserto" ou "Patmos" (como ele mesmo chamava, em suas cartas) de Wartburg, começou a tradução da Bíblia, da qual foi impresso o Novo Testamento, em setembro de 1522.
Em Wartburg, ele produziu outros escritos, preparou a primeira parte de seu Guia para Párocos e "Von der Beichte" (Sobre a Confissão), em que nega a obrigatoriedade da confissão, e admite como saudável a confissão privada voluntária. Também escreveu contra o Arcebispo Albrecht, a quem obrigou, com isso, a desistir de retomar a venda das indulgências. Em seus ataques a Jacobus Latomus, avançou em sua visão sobre a relação entre a graça e a lei, assim como sobre a natureza revelada pelo Cristo, distinguindo o objetivo da graça de Deus para o pecador que, por acreditar, é justificado por Deus devido à justiça de Cristo, pois a graça salvadora reside dentro do homem pecador. Ainda mostrou que o "princípio da justificação" é insuficiente, ante a persistência do pecado depois do batismo - pela inerência do pecado em cada boa obra.
Lutero, amiúde, escrevia cartas a seus amigos e aliados, respondendo-lhes ou perguntando-lhes por seus pontos de vista e respondendo-lhes aos pedidos de conselhos. Por exemplo, Felipe Melanchthon lhe escreveu perguntando como responder à acusação de que os reformistas renegavam a peregrinação e outras formas tradicionais de piedade. Lutero respondeu-lhe em 1 de agosto de 1521:
"Se és um pregador da misericórdia, não pregues uma misericórdia imaginária, mas sim uma verdadeira. Se a misericórdia é verdadeira, deve penitenciar ao pecado verdadeiro, não imaginário. Deus não salva apenas aqueles que são pecadores imaginários. Conheça o pecador, e veja se os seus pecados são fortes, mas deixai que tua confiança em Cristo seja ainda mais forte, e que se alegre em Cristo que é o vencedor sobre o pecado, a morte e o mundo. Cometeremos pecados enquanto estivermos aqui, porque nesta vida não há um só lugar onde resida a justiça. Nós todos, sem embargo, disse Pedro (2ª Pedro 3:13), estamos buscando mais além um novo céu e uma nova terra onde a justiça reinará".
Seu quarto no castelo de Wartburg, em Eisenach.
Enquanto isso, alguns sacerdotes saxônicos haviam renunciado ao voto de castidade, ao mesmo tempo em que outros tantos atacavam os votos monásticos. Lutero, em seu De votis monasticis (Sobre os votos monásticos), aconselhava-os a ter mais cautela, aceitando, no fundo, que os votos eram geralmente tomados "com a intenção da salvação ou à busca de justificação". Com a aprovação de Lutero em seu "De abroganda missa privata (Sobre a abrogação da missa privada), mas contra a firme oposição de seu prior, os agostinianos de Wittenberg realizaram a troca das formas de adoração e terminaram com as missas. Sua violência e intolerância certamente desagradaram Lutero que, em princípios de dezembro, passou alguns dias entre eles. Ao retornar para Wartburg, escreveu "Eine treue Vermahnung … vor Aufruhr und Empörung" (Uma sincera admoestação por Martinho Lutero a todos os cristãos para que se resguardem da insurreição e rebelião). Apesar disso, em Wittengerg, Carlstadt e o ex-agostiniano Gabriel Zwilling reclamavam a abolição da missa privada e da comunhão em duas espécies, assim como a eliminação das imagens nas igrejas e a ab-rogação do celibato.

Regresso a Wittenberg e os Sermões Invocavit

No final do ano de 1521, os anabatistas de Zwickau se entregam à anarquia. Contrário a tais concepções radicais e temendo seus resultados, Lutero regressou em segredo a Wittenberg, em 6 de março de 1522. Durante oito dias, a partir de 9 de março (domigo de Invocavit) e concluindo no domingo seguinte, Lutero pregou outros tantos sermões que tornaram-se conhecidos como os "Sermões de Invocavit".
Nessas pregações, Lutero aconselhou uma reforma cuidadosa, que leve em consideração a consciência daqueles que ainda não estivessem persuadidos a acolher a Reforma. A consagração do pão foi restaurada por um tempo e o cálice sagrado foi ministrado somente àqueles do laicado que o desejaram. O cânon das missas, devido ao seu caráter imolatório, foi suprimido. Devido ao sacramento da confissão ter sido abolido, verificou-se a necessidade que muitas pessoas ainda tinham de confessar-se em busca do perdão. Esta nova forma de serviço foi dada a Lutero em "Formula missæ et communionis" (Fórmula da missa e Comunhão), de 1523. Em 1524 surgiu o primeiro hinário de Wittenberg, com quatro hinos.
Como aquela parte da Saxônia era governada pelo Duque Jorge, que proibira seus escritos, Lutero declarou que a autoridade civil não podia promulgar leis para a alma. Fez isso em sua obra: "Über die weltliche Gewalt, wie weit man ihr Gehorsam schuldig sei" (Autoridade Temporal: em que medida deve ser obedecida).

Matrimônio e família

Em abril de 1523, Lutero ajudou 12 freiras a escaparem do cativeiro no Convento de Nimbschen. Entre essas freiras encontrava-se Catarina von Bora, filha de nobre família, com quem veio a se casar, em 13 de junho de 1525. Dessa união nasceram seis filhos: Johannes, Elisabeth, Magdalena, Martin, Paul e Margaretha. Dos seis filhos, Margaretha foi a única que manteve a linhagem até os dias de hoje. Um descendente ilustre da família Lutero é o ex-presidente alemão Paul von Hindenburg.
O casamento de Lutero com a ex-freira cisterciense incentivou o casamento de outros padres e freiras que haviam adotado a Reforma. Foi um rompimento definitivo com a Igreja Romana.

Anti-semitismo

Texto anti-semita de Martinho Lutero: Sobre os judeus e suas mentiras (1543)
Martinho Lutero foi anti-semita:
"A Alemanha deve ficar livre de judeus, aos quais após serem expulsos, devem ser despojados de todo dinheiro e jóias, prata e ouro, e que fossem incendiadas suas sinagogas e escolas, suas casas derrubadas e destruídas (…), postos sob um telheiro ou estábulo como os ciganos (…), na miséria e no cativeiro assim que estes vermes venenosos se lamentassem de nós e se queixassem incessantemente a Deus". – "Sobre os judeus e suas mentiras" de Martinho Lutero.
O historiador Robert Michael escreve que Lutero estava preocupado com a questão judaica toda a sua vida, apesar de dedicar apenas uma pequena parte de seu trabalho para ela.Seus principais trabalhos sobre os judeus são Von den Juden und Ihren lügen ("Sobre os judeus e suas mentiras"), e Vom Schem Hamphoras und vom Geschlecht Christi ("Em Nome da Santa linhagem de Cristo") - reimpressas cinco vezes dentro de sua vida - ambas escritas em 1543, três anos antes de sua morte. Nesses trabalhos Lutero afirmou que os judeus já não eram o povo eleito, mas o "povo do diabo". A sinagoga era como "uma prostituta incorrigível e uma devassa maléfica" e os judeus estavam "cheios das fezes do demónio,... nas quais se rebolam como porcos" Lutero aconselhou as pessoas à incendiarem às sinagogas, destruindo os livros judaicos, proibir os rabinos de pregar, e apreender os bens e dinheiro dos Judeus e também expulsá-los ou fazê-los trabalhar forçosamente. Lutero também parecia aconselhar seus assassinatos, escrevendo "É nossa a culpa em não matar eles."
A campanha contra os judeus de Lutero foi bem sucedida na Saxónia, Brandenburg, e Silésia. Josel de Rosheim (1480-1554), que tentou ajudar os judeus na Saxónia, escreveu em seu livro de memórias a situação de intolerância foi causada por "(…) esse sacerdote cujo nome é Martinho Lutero - (…) seu corpo e alma vinculada até no inferno!! - que escreveu e publicou muitos livros heréticos no qual disse que quem ajudasse judeus seriam condenados à perdição." Josel teria pedido a cidade de Estrasburgo para proibir a venda das obras antijudaicas de Lutero; porém seu pedido foi-lhe negado quando um pastor luterano de Hochfelden argumentou em um sermão que os seus paroquianos deviam assassinar judeus. O anti-semitismo de Lutero persistiu após a sua morte, ao longo de todo o ano 1580, motins expulsaram judeus de vários estados luteranos alemães.
A opinião predominante entre os historiadores é que a sua retórica antijudaica contribuiu significativamente para o desenvolvimento do anti-semitismo na Alemanha,e na década de 1930 e 1940 auxiliou na fundamentação do ideal do nazismo de ataques a judeus. O próprio Adolf Hitler em sua autobiografia Mein Kampf considerou Lutero uma das três maiores figuras da Alemanha, juntamente com Frederico, o Grande, e Richard Wagner.[39] Em 5 de outubro de 1933, o Pastor Wilhelm Rehm de Reutlingen, declarou publicamente, que "Hitler não teria sido possível, sem Martinho Lutero" Julius Streicher, o editor do jornal Nazista Der Stürmer, argumentou durante sua defesa no julgamento de Nuremberg "que nunca havia dito nada sobre os judeus que Martinho Lutero não tivesse dito 400 anos antes". Em novembro de 1933, uma manifestação protestante que reuniu um recorde de 20.000 pessoas, aprovou três resoluções:
  • Adolf Hitler é a conclusão da Reforma;
  • Judeus Batizados devem ser retirados da Igreja;
  • O Antigo Testamento deve ser excluído da Sagrada Escritura.
Diversos historiadores (entre os quais se destacam William L. Shirer e Michael H. Hart) sugerem que a influência de Lutero tenha auxiliado a aceitação do nazismo na Alemanha pelos protestantes no século XX. Shirer fez a seguinte observação em Ascensão e queda do Terceiro Reich:
"É difícil compreender a conduta da maioria dos protestantes nos primeiros anos do nazismo, salvo se estivermos prevenidos de dois fatos: sua história e a influência de Martinho Lutero (para evitar qualquer confusão, devo explicar aqui que o autor é protestante). O grande fundador do protestantismo não foi só anti-semita apaixonado como feroz defensor da obediência absoluta à autoridade política. Desejava a Alemanha livre de judeus (…) – conselho que foi literalmente seguido quatro séculos mais tarde por Hitler, Göring e Himmler.
Por outro lado, especialmente Shirer recebeu críticas por essa sua observação, sendo acusado de não conhecer suficientemente a história alemã e por ter interpretado incorretamente certos acontecimentos ou mesclado suas opiniões pessoas em seu livro. Também os cristãos luteranos afirmam que a Igreja Luterana tem esse nome em homenagem ao seu mais famoso líder, porém não acata todos os escritos teológicos de Lutero, principalmente os escritos que atacam os judeus. Desde os anos 1980, alguns órgãos da Igreja Luterana formalmente denunciaram e dissociaram-se dos escritos de Lutero sobre os judeus. Em Novembro de 1998, no 60o aniversário de Kristallnacht, a Igreja Luterana da Baviera emitiu uma afirmação: "é imperativo para a Igreja Luterana, que sabe que é endividada ao trabalho e a tradição de Martinho Lutero, de levar a sério também as suas declarações anti-judaicas, reconhece a sua função teológica, e reflete nas suas conseqüências. Temos que nos distanciar de cada [expressão de] antissemitismo na teologia Luterana."

A guerra dos camponeses

A guerra dos camponeses (1524-1525) foi, de muitas maneiras, uma resposta aos discursos de Lutero e de outros reformadores. Revoltas de camponeses já tinham existido em pequena escala em Flandres (1321-1323), na França (1358), na Inglaterra (1381-1388), durante as guerras hussitas do século XV, e muitas outras até o século XVIII. Mas muitos camponeses julgaram que os ataques verbais de Lutero à Igreja e sua hierarquia significavam que os reformadores iriam igualmente apoiar um ataque armado à hierarquia social. Por causa dos fortes laços entre a nobreza hereditária e os líderes da Igreja que Lutero condenava, isso não seria surpreendente.
Já em 1522, enquanto Lutero estava em Wartburg, seu seguidor Thomas Münzer, comandou massas camponesas contra a nobreza imperial, pois propunha uma sociedade sem diferenças entre ricos e pobres e sem propriedade privada, Lutero por sua vez defendia que a existência de "senhores e servos" era vontade divina, motivo pelo qual eles romperam. Lutero, desde cedo, argumentou com a nobreza e os próprios camponeses sobre uma possível revolta e também sobre Müntzer, classificando-o como um dos "profetas do assassínio" e colocando-o como um dos mentores do movimento camponês. Lutero escreveu a "Terrível História e Juízo de Deus sobre Tomas Müntzer", inaugurando essa linha de pensamento.
Na iminência da revolta (1524), Lutero escreveu a "Carta aos Príncipes da Saxônia sobre o Espírito Revoltoso", mostrando a tirania dos nobres que oprimiam o povo e a loucura dos camponeses em reagir através da força e a confiar em Müntzer como pregador. Houve pouca repercussão sobre esse escrito.
Ainda em 1524, Müntzer mudou-se para a cidade imperial de Mühlhausen, oferecendo-se como pregador. Lutero escreveu a "Carta Aberta aos Burgomestres, Conselho e toda a Comunidade da Cidade de Mühlhausen", com o propósito de alertar sobre as intenções de Müntzer. Também esse escrito não teve repercussão, pois o conselho da cidade se limitou a pedir informações sobre Müntzer na cidade imperial de Weimar.
O principal escrito dos camponeses eram os "Doze Artigos", onde suas reivindicações eram expostas. Neles havia artigos de fundo teológico (direito de ouvir o Evangelho através de pregadores chamados por eles próprios) e artigos que tratavam dos maus tratos (exploração nos impostos, etc.) impostos a eles pelos nobres. Os artigos eram fundamentados com passagens bíblicas e dizia-se que se alguém pudesse provar pelas Escrituras que aquelas reivindicações eram injustas, eles as abandonariam. Entre aqueles que se consideravam dignos de fazer tal coisa estava o nome de Martinho Lutero.
De fato, Lutero escreveu sobre os "Doze artigos" em seu livro "Exortação à Paz: Resposta aos Doze artigos do Campesinato da Suábia", de 1525. Nele, Lutero ataca os príncipes e senhores por cometerem injustiças contra os camponeses e ataca os camponeses pela rebelião e desrespeito à autoridade.
Também esse escrito não teve repercussão e, durante uma viagem pela região da Turíngia, Lutero pôde testemunhar as revoltas camponesas, o que o motivou a escrever o "Adendo: Contra as Hordas Salteadoras e Assassinas dos Camponeses", onde disse: "Contras as hordas de camponeses (…), quem puder que bata, mate ou fira, secreta ou abertamente, relembrando que não há nada mais peçonhento, prejudicial e demoníaco que um rebelde". Tratava-se de um apêndice de "Exortação à Paz …", mas que, rapidamente, tornou-se um livro separado. O Adendo foi publicado quando a revolta camponesa já estava no final e os príncipes cometiam atrocidades contra os camponeses derrotados, de modo que o escrito causou grande revolta da opinião pública contra Lutero. Nele, Lutero encorajava os príncipes a castigarem os camponeses até mesmo com a morte.
Essa repercussão negativa obrigou Lutero a pregar um sermão no dia de pentecostes, em 1525, que se tornou o livro "Posicionamento do Dr. Martinho Lutero Sobre o Livrinho Contra os Camponeses Assaltantes e Assassinos", onde o reformador contesta os críticos e reafirma sua posição anterior.
Como ainda havia repercussão negativa, Lutero novamente se posicionou sobre a questão no seu "Carta Aberta a Respeito do Rigoroso Livrinho Contra os Camponeses", onde lamenta e exorta contra a crueldade que estava sendo praticada pelos príncipes, mas reafirma sua posição anterior.
Por fim, a pedido de um amigo, o cavaleiro Assa von Kram, Lutero redigiu "Acerca da Questão, Se Também Militares Ocupam uma Função Bem-Aventurada", em 1526, com o propósito de esclarecer questões sobre consciência do cristão em caso de guerra e sua função como militar.

A discordância com João Calvino

No movimento reformista (também chamado de Reforma), Lutero não concordou como o "estilo" de reforma de João Calvino. Martinho Lutero queria reformar a Igreja Católica, enquanto João Calvino, acreditava que a Igreja estava tão degenerada, que não havia como reformá-la. Calvino se propunha a organizar uma nova Igreja que, na sua doutrina (e também em alguns costumes), seria idêntica à Igreja Primitiva. Já Lutero decidiu reformá-la, mas afastou-se desse objetivo, fundando, então, o Protestantismo, que não seguia tradições, mas apenas a doutrina registrada na Bíblia, e cujos usos e costumes não ficariam presos a convenções ou épocas. A doutrina luterana está explicitada no "Livro de Concórdia", e não muda, embora os costumes e formas variem de acordo com a localidade e a época.

Falecimento

O ex-monge agostiniano Martinho Lutero (1483-1546) teve morte natural, embora não haja um consenso entre o seus biógrafos acerca da sua causa mortis. O historiador Frantz Funck-Brentano, por exemplo, escreveu em sua obra "Martim Lutero":
"Os dois médicos, que o tinham tratado nos últimos momentos, não puderam chegar a um acordo sobre a causa de sua morte, opinando um por um ataque de apoplexia, outro por uma angina pulmonar."
A propósito, em 1521, por ocasião da Dieta de Worms (uma espécie de audiência imperial), foi publicado pelo Imperador Carlos V o Edito de Worms, pelo qual qualquer pessoa, ao menos teoricamente, estaria livre para matar Lutero sem correr o risco de sofrer qualquer sanção penal, já que, pelo referido Edito do Imperador, Lutero foi banido do Império como um fora-da-lei. Por receio de que algo de mal pudesse acontecer a Lutero durante viagem de regresso de Worms, Frederico III (ou Frederico, o Sábio), Príncipe-Eleitor da Saxônia, ordenou que Lutero fosse capturado e levado para o Castelo de Wartburg, onde estaria a salvo.
Provavelmente, foi por causa desse risco de morte que Lutero passou a correr que seu amigo disse que "tentaram matá-lo". Encontra-se sepultado na Igreja de Wittenberg em Wittenberg.

Obras importantes

Foi o autor de uma das primeiras traduções da Bíblia para alemão, algo que não é permitido sem especial autorização eclesiástica. Lutero, contudo, não foi o primeiro tradutor da Bíblia para alemão. Já havia várias traduções mais antigas. A tradução de Lutero, no entanto, suplantou as anteriores porque foi uma forma unificada do Hochdeutsch (dialetos alemães da região central e sul) e foi amplamente divulgada em decorrência da sua difusão por meio da imprensa, desenvolvida por Gutenberg, em 1453.
Lutero introduziu a palavra alleyn, que não aparece no texto grego original no capítulo 3:28 da Epístola aos Romanos. O que gerou controvérsia. Lutero justificou a manutenção do advérbio como sendo uma necessidade idiomática do alemão como por ser a intenção de Paulo.
O latim, língua do extinto Império Romano, permanecia a lingua franca européia, imediatamente conotada com o passado romano unificado, sendo também a língua da Vulgata traduzida por São Jerônimo no século V, tal como tinham sido transmitidos às províncias do Império. Por mais longínquas que fossem, nos menos de cem anos que separam a oficialização da religião cristã pelo Imperador Romano Teodósio I em 380 d.C. e a deposição do último imperador de Roma pelo Germânico Odoacro, em 476 d.C. (data avançada por Edward Gibbon e convencionalmente aceita como ano da queda do Império Romano do Ocidente), toda a região do antigo Império, ao longo dos seguintes 500 anos, e de forma mais ou menos homogênea, se cristianizou. O fim da perseguição à religião cristã pelo império romano se deu em 313 d.C. (Ver: Édito de Milão, Concílio de Niceia, Constantino I, A história do declínio e queda do império romano, Santo Jerónimo).
No entanto, o domínio do latim era, no século XVI, no fim da Idade Média (terminada oficialmente em 1453, com a tomada de Constantinopla pelos Otomanos) e princípio da chamada Idade Moderna, apenas o privilégio de uma percentagem ínfima de população instruída, entre os quais os elementos da própria Igreja. A tradução de Lutero para o alemão foi simultaneamente um ato de desobediência e um pilar da sistematização do que viria a ser a língua alemã, até aí vista como uma língua inferior, dos servos e ignorantes. É preciso adicionar que Lutero não se opunha ao latim, e chegou mesmo a publicar uma edição revisada da tradução latina da Bíblia (Vulgata). Lutero escrevia tanto em latim como em alemão. A tradução da Bíblia para o alemão não significou, portanto, rejeição do latim como língua acadêmica.
Foi também autor da polêmica obra "Sobre os judeus e suas mentiras" (Von den Juden und ihren Lügen). Pouco conhecida, mas muito apreciada pelo próprio Lutero, foi sua resposta a "Diatribe" de Erasmo de Roterdã intitulada De servo arbitrio (Título da publicação em português: Da vontade cativa).
Martinho Lutero defendia o princípio da mortalidade da alma contrastando com a crença de João Calvino, que chamou à crença de Lutero "sono da alma".

Reabilitação de Lutero?

Segundo a Revista editada em conjunto pela Igreja Evangélica Metodista Portuguesa e a Igreja Evangélica Presbiteriana de Portugal, Portugal Evangélico, em sua edição nº 932, de 2008, o Papa Bento XVI, poderia vir a reabilitar Lutero. Segundo o texto, "Vozes autorizadas do Vaticano adiantavam que o Papa reabilitaria Martinho Lutero argumentando que nunca teria sido sua intenção dividir a Igreja mas sim lutar contra os abusos e práticas de corrupção da mesma". E complementa dizendo que "O Cardeal Walter Kasper, Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, antecipava que estas declarações dariam nova coragem ao diálogo ecuménico e contradiriam, até certo ponto, as afirmações feitas em Julho do ano anterior denegrindo a fé, a ortodoxa e protestante, ao não considerar estes dois ramos do cristianismo como verdadeiras Igrejas". Porém, nesse mesmo ano, o site Agência Ecclesia, agência de notícias da Igreja Católica em Portugal, desmentiu essa notícia citando uma declaração do diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi dada ao jornal britânico Financial Times. Segundo o religioso, essa afirmação “não tem nenhum fundamento” e que o termo “reabilitação” nunca seria o correto neste caso. Depois dessas notícias não houve mais informações até o momento sobre uma possível reabilitação de Lutero pela Igreja Católica.

Declaração conjunta sobre a doutrina da Justificação pela Fé

Em 31 de outubro de 1999, foi assinada uma Declaração Conjunta Sobre a Doutrina da Justificação pela Fé, redigida e aprovada pela Federação Luterana Mundial e pela Igreja Católica Apostólica Romana. O preâmbulo do documento diz que a declaração "quer mostrar que, com base no diálogo, as Igrejas luteranas signatárias e a Igreja católica romana estão agora em condições de articular uma compreensão comum de nossa justificação pela graça de Deus na fé em Cristo. Esta Declaração Comum (DC) não contém tudo o que é ensinado sobre justificação em cada uma das Igrejas, mas abarca um consenso em verdades básicas da doutrina da justificação e mostra que os desdobramentos distintos ainda existentes não constituem mais motivo de condenações doutrinais". A declaração pode ser resumida neste trecho: "Confessamos juntos que o pecador é justificado pela fé na acção salvífica de Deus em Cristo; essa salvação lhe é presenteada pelo Espírito Santo no baptismo como fundamento de toda a sua vida cristã. Na fé justificadora o ser humano confia na promessa graciosa de Deus; nessa fé estão compreendidos a esperança em Deus e o amor a Ele".